Tipo
Tese
Autor
Juliana Fernandes Junges Cararo
Orientador
Profa. Dra. Marilda Aparecida Behrens
Ano
2022
Resumo
Os avanços tecnológicos e consequentes transformações sociais, econômicas e ambientais que inauguraram o século XXI trouxeram novas demandas à educação. A visão cartesiana, nascida no século XVII, ainda faz perdurar uma razão linear e isolada da visão emocional e sensível, que não sustenta mais as soluções às situações do mundo. Os problemas contemporâneos são globais e complexos, com particularidades e totalidades, requerendo soluções que entrelacem suas partes ao todo e conectem o ser humano, a sociedade e o planeta. A educação passa a exercer um diferente papel, tendo de desenvolver nos estudantes a reflexão crítica e a construção do conhecimento com criatividade, proatividade e autonomia, solucionando situações profissionais de maneira mais humana. Os saberes e o pensamento complexo propostos por Edgar Morin, que nutre uma educação transdisciplinar, vêm como possibilidade de reforma do pensamento para buscar a transformação na educação, envolvendo estudantes, professores e instituições de ensino em um processo de colaboração na cocriação de metodologias de ensino para uma aprendizagem mais ativa e significativa às novas condições de vida. Com esse enfoque, objetivou-se: analisar os construtos e saberes que caracterizam o pensamento complexo, a visão transdisciplinar e o processo colaborativo entre professores como subsídios epistemológicos na docência da disciplina Representação Gráfica no curso de Arquitetura. Para tanto, pesquisou-se: como orientar a mudança paradigmática da ação docente, com o acolhimento da visão da complexidade, a transdisciplinaridade e o processo colaborativo na disciplina Representação Gráfica no curso de Arquitetura? Visou-se, especificamente, a contextualizar o cenário do ensino da arquitetura e da representação gráfica, principalmente, pelas contribuições do CONFEA (2010); revisitar os paradigmas educacionais conservadores e inovadores pelo olhar de alguns autores, como Misukami (1996), Behrens (2008, 2013), Freire (1974, 1982, 1986, 1992) e Moraes (2018), assim como as principais metodologias ativas aplicadas no ensino da arquitetura; analisar os construtos e saberes que caracterizam o pensamento complexo e a visão transdisciplinar, a partir de autores como Morin (2000, 2020, 2021), Moraes (2009, 2014, 2018) e Batalosso (2014); e investigar junto aos professores brasileiros e portugueses seu pensamento sobre o papel da educação superior no século XXI, sua aproximação e pertinência do pensamento complexo nas práticas pedagógicas e possíveis elementos a compor uma metodologia de ensino e aprendizagem ativa, a partir da colaboração entre professores, a qual tomou como referencial teórico conceitos trazidos por Hargreaves e O’Connor (2018) e Newelle e Bain (2018). A pesquisa teve caráter qualitativo, tendo sido delineada a partir dos princípios e operadores cognitivos de Morin (2017) e da visão transdisciplinar na perspectiva de Morin (2000, 2020) e Moraes (2021). Tomou-se como referência a metodologia de pesquisa de Charmaz (2009) para a construção de uma teoria fundamentada de abordagem interpretativa e construtivista. Assim, foi possível trazer como resultado e resposta ao problema de pesquisa alguns fundamentos para um processo de criação de metodologias de ensino e aprendizagem ativa, baseadas nos princípios e saberes do pensamento complexo e na visão transdisciplinar, a partir das contribuições de professores que atuam na disciplina Representação Gráfica.